"Ser gestor é aprender, desaprender e reaprender", definiu Ximenes.
A verdade é que o tempo foi pouco para se discutir a importância da parte tática no desenvolvimento de um trabalho. "O Marco Bruno é um dos alunos mais brilhantes do curso. Sou seu fã desde os anos 80, quando ele atuava no futsal com o nome de Marquinho Sepultura... e enterrava os adversários com seus gols fantásticos. O técnico era o Paulo Mussalem, que também foi meu professor na UERJ. O time do Flamengo jamais saiu da minha memória. Marquinho e Raul fizeram uma dupla histórica", analisou Guilherme Kroll, oriundo do basquete e também aluno do curso de gestor de futebol.
"O Mussalem priorizava a parte tática. Aprendi muito com as famosas diagonais quebradas.
O Cláudio Coutinho, técnico do profissional do Flamengo, assistia aos nossos treinos e adorava conversar sobre tática. O Radamés Lattari, do vôlei, também participava. Overlapping, ponto futuro... não surgiram do nada. O esporte olímpico coletivo preconiza a evolução técnica através da tática.
O Jorge Jesus, mesmo no ápice da temporada, encontrou tempo para ir ao Maracanãzinho assistir ao Fla-Basquete. Ele sempre se refere à essa modalidade.
O Jogo dos Triângulos, do Phil Jackson, no Chicago Bulls, serve demais para o futebol. Não é a toa que o Arrascaeta é o rei das assistências", prosseguiu Kroll.
"Quem dá show nas aulas é o PC Gusmão. Ele rouba a cena. Sempre fui fã do seu trabalho. Lembro que ele foi pioneiro em colocar câmeras nos muros do estádio para filmar treinos. Seus times são sempre muito bem organizados.
PC assumiu, recentemente, a base do Vasco e o mundo do futebol estranhou. Isso é algo revolucionário. Um técnico de expressão da elite do futebol brasileiro comandando a base. O Vasco vai capitalizar essa sacada. A base necessita de excelência. E o retorno é quase imediato.
Nessa aula, ele explanou sobre 'bloco alto', 'bloco médio' e 'bloco baixo'. Enfatizou a importância da transição defensiva.
Nos anos 80, existia no basquete uma inócua discussão sobre o que era mais importante: atacar ou defender?
Foi quando descobrimos que o mais importante é começar a defender antes do adversário começar a atacar... e começar a atacar sem que o adversário esteja se defendendo.
Digo que sou capaz de nocautear qualquer boxer. Desde que ele esteja distraído. Essa é a definição de transição.
A mudança da atitude ofensiva para a defensiva tem que ser automática. E vice-versa.
Outro personagem que vem me encantando é o Wágner Reway, árbitro de futebol, que vem demonstrando muita lucidez e comprometimento. O mundo do futebol tem que entender mais de arbitragem. Tem que haver maior aproximação. Não pode ser robotizado.
Sempre fui contra o excesso de VAR. O erro da arbitragem faz parte do jogo. Assim como o do goleiro e o do atacante. A discussão esquenta o espetáculo.
É um absurdo o tempo que a mídia utiliza no pós-jogo para se falar em arbitragem. Quase não se fala em tática, que normalmente é o problema real.
Outra questão desenvolvida foi o perfil dos gestores. Eles devem ser fortes, resilientes, adaptáveis. Devem celebrar as vitórias. A alegria responsável é fundamental no processo.
O Ximenes é profundo conhecedor da função. Está desenvolvendo nos seus alunos o auto-conhecimento, a auto-capacitação e auto-aceitação. Terminaremos a empreitada muito melhores do que quando iniciamos", finalizou Kroll