A crônica de hoje não é nada fácil de escrever, mas não custa tentar.
Tenho defendido, nesse espaço, que o Flamengo está estruturando um plantel multi-campeão.
O Abel Braga é cascudo e um baita gestor de pessoas. Ele vai personalizar o elenco e conseguirá extrair o máximo do potencial de cada personagem rubro-negro. Do motorista ao presidente.
Na diretoria, muita gente boleira. Era isso que faltava no Flamengo.
Ontem, um jogo atípico.
O Flamengo atuou na altitude com muita intensidade e teve uma noite mal dormida. Os craques rubro-negros chegaram nas suas casas após as 6 horas da manhã após passar muito tempo sentados num avião depois uma vitória repleta de adrenalina. Isso desgasta demais. A fisiologia explica.
Não é nem só questão de cansaço, que se supera com motivação. É coisa de contusão mesmo. Estiramentos, cãimbras, etc.
Então, ontem, num jogo contra um Vasco muito bem conduzido pelo Valentim (muito bom técnico para times médios), o Abel decidiu poupar quem precisava ser poupado. Afinal de contas, tem um jogo fundamental contra a LDU na próxima quarta-feira.
O grande problema foi a zaga rubro-negra. Thuler e Hugo Moura (que é volante de origem, mas que o Abel já vem adaptando na zaga) foram afobados demais.
No nível Flamengo, é proibitivo cometer faltas em adversários que estão de costas para o gol e não representam perigo. Os dois jovens e o Piris da Motta cometeram várias faltas dessa forma..
Nossa sorte é que o César teve uma atuação perfeita. Temos vários goleiraços (não esquecer que o Thiago, terceiro goleiro, também agarra muito).
No lance do pênalti, a bola era toda do César, que saiu com autoridade do gol.
Nossos defensores provocaram contatos com vascaínos inofensivos. Aí entra a polêmica.
Mestre Abel disse na coletiva pós jogo, que nada disso era para ser apitado. Que na arbitragem de alto nível, só se apita contatos se eles forem suficientes para derrubar um oponente. Que na Libertadores, jamais apitarão esse tipo de falta.
É lógico que a tecnologia introduziu a falta da televisão. Uma câmera indiscreta sempre pega um toque do defensor em qualquer tipo de lance.
Afinal, é jogo de contato.
Imaginem no basquete. Dez jogadores em quadra (5 para cada lado), pesando mais de 100 quilos cada um. Tem hora que tem mais de uma tonelada de homens dentro de garrafão. Como não haver contatos?
Tem que haver critérios para definir os que são faltosos.
Falta é quando se leva vantagem através do toque ilícito.
Ontem, o Wágner Nascimento optou por apitar faltas nesses contatos. Tenho um ótimo conceito sobre esse árbitro e não o culpo por ter dado o pênalti. O atacante do Vasco estava na direção do gol e nosso zagueiro colocou a mão no seu ombro.
Mas também concordo com o Abel que esse toque deve ser desprezado porque não foi suficiente para derrubar ninguém.
Sei lá. Difícil.
Só sei que vou morrer sem entender a susbstituição do Everton Ribeiro pelo Klebinho. Ficamos com 2 laterais direitos jogando na mesma região do campo. Será que o Léo Duarte não funcionaria melhor?
Mas tenho que reconhecer que liberou o Rodinei para perder um dos gols mais fáceis da história do Flamengo, apesar que também tenho que enaltecer o pique dado pelo Danilo Barcelos, aos 90 mimutos de jogo, com uma derrota iminente nas costas. Nosso lateral tocou para dentro sem perceber que vinha um 'maluco' acelerado na recuperação vascaína.
Paciência.
Repito que esse jogo não valia nada. A Taça Rio não vale nada nem para o Campeonato Carioca.
Esbanjamos atitude, raça, coragem. O Everton Ribeiro fez uma atuação de gala. O Arrascaeta não está nem perto da sua melhor forma, independente do lugar aonde for escalado.
O Flamengo quer ser campeão carioca, brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores. Sem falar do Mundial.
Ontem, ficou evidenciado que ainda são necessários alguns reforços.
Como a Abel está trabalhando para personalizar todos os talentos que estão a sua disposição, não serei eu, torcedor, que vou atrapalhar.
Mas que existem algumas heranças que não poderiam estar vestindo a camisa do Flamengo, existem.
Foto: Alexandre Vidal
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